sexta-feira, 30 de abril de 2010

LIVROS ?


Ler livros para adquirir cultura se tornou dispensável com os novos meios de informação?
Cada vez mais encontro pessoas que possuem a opinião de que ler livros não são mais o melhor meio de informação. Há quem diga que pode se adquirir o mesmo conhecimento vendo um programa de televisão ou um filme sobre o assunto. O que você pensa dessa opinião?

domingo, 11 de abril de 2010

CRIAÇÃO


CRIAÇÃO

A palavra constrói a boca o som a fala
Constrói este homem que não se cala
e voa aberta doce salgada seca molhada
Ás vezes, como canto lamento silêncio cela
sala santo fera
Contrói o canto o pranto
o pensamento o manto o acalanto o espanto
Hideraldo Montenegro




quarta-feira, 7 de abril de 2010

Epitáfio


EPITÁFIO


Terra, minha
eis que me devolvo:
tua poesia, teu ovo.

Devolvo-te os sorrisos escrotos
meus sonhos, meus brotos
minhas esperanças , meus mortos
e, agora, o meu inútil corpo

Devolvo-te ocheiro
destes eucaliptos que acenam
despedidas e boas vindas
aos filhos errantes, retirantes
nesta ilha latifundiária
eagreste de oportunidades
e sonhos delirantes

Devolvo-te tuas verdes colinas
o Société, a Praça da Bandeira
as rochas, insensíveis,
as Sevis, as Brandinas
os servis, a falsidade,
a dor de dente

o dinheiro pouco
para pagar a contina
teu odor, tua latrina
o futuro e o presente

Devolvo-te o Poço da Nega
o schistosoma
a Travessa da união
a política coma
o engenho, o mel
e a ausência do pão

Devolvo-te teus governantes
que fingem festas, festivais
votos e sorrisos bacanais
embora deixem deserdados
os irmãos natais

Devolvo-te o teu povo
que abre-se fabril
a outros abraços operários
- cicatriz anil
tecida em pele e pavio

Devolvo-te minhas noites,
meus açoites, o salário canavial,
a hipocrisia, a água batismal,
a pia, teu vazio cultural
teu sangue, teu corpo
tua gente, teu sal

Devolvo-te os puteiros
a tua falta de perspectiva,
e a pátria amada sepultada
pela enxada do coveiro
o grito incontido
o escritor, o tinteiro

devolvo-te tudo
exceto tua moral
Belge Bresiliene
pacífica, morenense
e teu involutário
abraço final
- cana de açucar
teu bem e teu mal


A Terra dos eucaliptos
finalmente receptiva
e acolhedora
abre a sua boca voraz
para me receber
quando não estou mais nem aí
e não quero saber

Autor: Hideraldo Montenegro













sábado, 3 de abril de 2010

Pérolas da nossa Literatura

Castro Alves
Tabloide
A - C E N T E L H A
Moreno-PE


Adormecida

Uma noite , eu me lembro... ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente


'Stava aberta a janela. Um Cheiro agreste
Exalavam as SILVAS da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
via a noite plácida e divina...

De um jasmineiro os galhos encurvados,
indiscretos entravam pela sala,
e de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulo - beijá-la.

Era um quadro celeste!... a cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
quando ela serenava... a flor beijava-a
Quando ela ia beijar-lhe ... a flor fugia.

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

e o ramo ora chegava ora afastava-se ...
Mas quando a via desperta a meio,
P'ra não zangá-la ... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!
Virgem! - tu és a flor da minha vida ..."


Castro Alves